Câncer será a principal causa de mortes no Paraná em 12 anos, diz estudo

O câncer será a principal causa de mortes no Paraná a partir de 2030, aponta um estudo do Observatório de Oncologia, intitulado "2017-2047: em 30 anos venceremos a guerra contra o câncer?". Conforme a pesquisa, atualmente as doenças do aparelho circulatório são as mais letais no estado, seguidas pelos tumores.

Com base na projeção do estudo, após a prevalência do câncer, em 2039 as doenças do sistema nervoso se tornarão a principal causa de morte dos paranaenses. Em 2045, as doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas assumirão a segunda posição no ranking, indica a pesquisa.

O estudo leva em conta dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre outros fatores, para estimar a taxa de mortalidade por uma doença ou grupo de doenças e a ocorrência ao longo dos anos.

De acordo com a pesquisa, comprova-se que a história, a cultura e os hábitos de vida explicam como um povo adoece e morre.

Diariamente, as pessoas estão expostas a fatores de risco, desde a alimentação inadequada e a inatividade física, passando pelo tabagismo e uso de drogas, até causas externas ao corpo, como violência, acidentes, problemas ambientais e desigualdades sociais.

O oncologista Sérgio Lunardon Padilha, do Hospital de Clínicas, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), afirma que estudos recentes têm comprovado a eficiência da conhecida – mas nem sempre praticada – prevenção. Segundo ele, além dos hábitos das pessoas, que devem ser melhorados, a exemplo da alimentação, existe a necessidade daquilo que considera como modelo ideal de rastreamento de doenças, e que demanda investimento governamental.

No Paraná, conforme o oncologista, a prevenção ocorre em maior escala para casos de câncer de mama e de próstata. Padilha diz acreditar que o enfrentamento aos tumores precisa começar no atendimento primário aos pacientes.


"O rastreamento ideal deveria ser feito dentro das Unidades Básicas de Saúde. Mas, hoje, por exemplo, uma colonoscopia pode demorar um ano. Se todo mundo com mais de 50 anos for fazer inviabiliza o sistema. Aí as coisas ficam realmente difíceis", avalia o oncologista.

O estudo indica um avanço considerável da taxa de mortalidade no Paraná das doenças do sistema nervoso, principalmente depois de 2030. Para a neurologista Elyéia Hannuck, ums das razões que podem ser responsáveis por isso é o aumento dos fatores de risco nas próximas décadas. "Questões como o aumento do estresse, da hipertensão e a piora da qualidade de sono estão diretamente relacionadas ao Acidente Vascular Cerebral (AVC), por exemplo", explica.

Segundo ela, as gerações futuras precisam ter uma conduta diferente em relação à qualidade de vida. "O que vemos são menos horas dormidas, mais horas trabalhadas e mais consumo de tecnologia, o que influencia na qualidade de sono e no aumento da ansiedade", avalia.

Para tentar conter o avanço das doenças do sistema nervoso, Elyéia afirma que alimentação e rotina saudáveis são fundamentais. Além disso, há a necessidade em controlar as doenças metabólicas, como diabetes e colesterol, assim como monitorar a pressão arterial.


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